Inserção internacional, assimetria e algumas das suas consequências
O sistema mundial era integrado por países com diversas estruturas produtivas, com capacidades distintas para promover a mudança tecnológica e com diferentes estruturas sociais, condicionantes das formas como se distribuem os frutos do progresso técnico. Os países industrializados se especializavam na produção de bens com uma alta elasticidade-renda da demanda, apresentavam um processo de progresso técnico rápido e relativamente homogêneo e contavam com estruturas sociais e econômicas que asseguravam que o produto desse progresso técnico fosse apropriado, sobretudo, pelas empresas, pelos trabalhadores e pelo Estado.
A ideia clássica de que os aumentos de produtividade eram expressos em preços cada vez mais baixos dos bens industriais nem sempre se cumpria. Ao contrario, os países da periferia da economia mundial, especializados na produção de matérias-primas e alimentos, contavam com setores exportadores dinâmicos, porém inseridos em uma sociedade com escassa produtividade e abundância de mão de obra muito pouco qualificada, em condições de vida próximas a um nível de subsistência. O escasso progresso técnico da periferia não permeava a sociedade como um todo e, em termos internacionais, os aumentos da produtividade de fato se manifestavam na forma de uma diminuição relativa dos preços dos bens primários.
Essa tendência era reforçada pela baixa elasticidade-renda da demanda pelos bens primários, que também enfrentavam a concorrência de produtos sintéticos e artificiais e, portanto, recebiam menos estímulo para que se expandisse a produção e se aumentasse a produtividade.