As seis intensas décadas de atividade de Prebisch revelaram uma pessoa que foi acumulando um rico cabedal de conhecimentos e experiência. Nesse processo, seu pensamento passou por mudanças, matizes, inovações e rompimentos, pelo próprio processo de amadurecimento, pelas mudanças no contexto histórico geral e também pelas funções que desempenhou.
A sua trajetória pode ser organizada em seis etapas. As cinco últimas seguem um artigo autobiográfico chamado “Five Stages of My Thinking on Development” (“Cinco etapas do meu pensamento sobre o Desenvolvimento”), redigido por Prebisch em 1984, dois anos antes da sua morte. Faz-se necessário agregar a elas uma primeira etapa, que se passou na Argentina, entre 1919 e 1943, período em que atuou como docente, assessor de diversos organismos públicos e empresariais e funcionário público, ocupando cargos importantes como o de Subsecretário da Fazenda e primeiro gerente do Banco Central da Argentina.
A segunda etapa transcorreu entre 1944 e 1949, e se caracteriza pelo trabalho de Prebisch como assessor de diversos governos latino-americanos para a formulação de políticas relacionadas aos bancos centrais e à própria construção institucional. Nesse período, Prebisch aprendeu a conhecer a América Latina e começou a formar o seu conceito sobre a região.
A terceira etapa é provavelmente a de mais destaque, na medida em que, nesse período, ajudou a criar a CEPAL e a transformá-la em uma força intelectual e técnica, com impacto bastante expressivo sobre as políticas do continente. Essa etapa se inicia no fim da década de 1940 e se estende ao longo da década de 1950.
A quarta etapa é breve e será apresentada junto com a terceira. Vai do fim dos anos 1950 até o princípio dos anos 1960 e se caracteriza por uma revisão de alguns postulados iniciais, em que atribui mais importância aos problemas da integração regional e aos problemas internos da América Latina.
A quinta etapa se caracteriza pela ascensão ao cenário mundial a partir da liderança da UNCTAD, organismo que, em boa medida, resultou dos antecedentes gerados pela CEPAL e no qual surgiram as primeiras tentativas de acordo envolvendo o conjunto dos países em desenvolvimento.
A última etapa abarca o trabalho na Revista da CEPAL, uma vez que estava livre das tarefas impostas pela direção, e se caracteriza por uma retomada das mais profundas análises teóricas, em que tece críticas ferrenhas ao sistema centro–periferia.
Entrevista a Osvaldo Sunkel: Aspectos centrales del pensamiento de Prebisch (2013 - 2:19)
Entrevista a Ricardo Bielschowsky: Continuidad y cambio del pensamiento de la CEPAL (2013 - 1:34)